António Feliciano de Castilho

Os Sonhos


Das Escavações Poéticas

Recordas-te, ingrata,
Quando eu te dizia,
Que em sonhos Armia
Cedia aos meus ais?
Sorrias, coravas,
Fugias, juravas
Que nunca os meus sonhos
Seriam leais.

Armia, esta noite,
Segundo o costume,
Tomei co meu nume,
Tomei a sonhar.

Qual és, eras rosa,
Gentil, espinhosa,
Sem par nos rigores,
Nas graças sem par.

Dou graças ao fado,
Já sonho esquivança;
Já luz esperança
No meu coração.
Tu juras que em sonhos
Só há falsidades,
E nunca deidades
Juraram em vão.