Henriqueta Lisboa foi uma poeta e tradutora brasileira, nascida em Lambari, Minas Gerais, a 15 de julho de 1901. Contemporânea exata de poetas como Murilo Mendes, Cecília Meireles e Carlos Drummond de Andrade, publicou seu primeiro livro em 1925, chamado Fogo fátuo. A este seguiram-se coletâneas que foram saudadas não apenas pelos melhores críticos do momento, como Sérgio Buarque de Hollanda e Otto Maria Carpeaux, mas também por seus pares, como Mario de Andrade, Manuel Bandeira e Drummond. Correspondeu-se com vários deles, cartas que vêm sendo publicadas nos últimos anos em belos volumes. Alguns de seus livros incluem A face lívida (1945), Flor da morte (1949) e Montanha viva (1959), e ainda os excelentes e necessários, a meus olhos, Além da imagem (1963), O alvo humano (1973) e Reverberações (1976). Recebeu o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra.
Dentre os poetas brasileiros injustamente negligenciados nas últimas décadas, Henriqueta Lisboa figura alto em minha lista pessoal. É urgente sua recuperação. Em um artigo dedicado ao trabalho das mulheres na Literatura Brasileira, escrevi sobre a mineira, ao compará-la com sua colega mais famosa, Cecília Meireles:
As páginas de poesia na Rede geralmente concentram-se na obra inicial de H. Lisboa, mais mística e abstrata, dos poemas de A face lívida (1945) e Flor da morte (1949), que foram, no entanto, bem recebidos por críticos inteligentes como Sérgio Buarque de Holanda. Mas a obra final de Henriqueta Lisboa nos entregou uma poeta não apenas consciente de sua condição como mulher, como uma escritoa bastante material.
Publicado pela Editora Global há alguns anos, o volume Os Melhores Poemas de Henriqueta Lisboa, com organização de Fabio Lucas, traz alguns dos excelentes poemas de Além da imagem e exemplos do que há de melhor em poesia minimalista no Brasil, com textos do volume Reverberações (1976), com o qual muitos de nós hoje poderíamos aprender a escrever poesia realmente concisa, sem ser desarticulada. Os poemas destes livros prefiguram o lirismo coisista de poetas como Hilda Hilst e Orides Fontela.
--- Ricardo Domeneck