Guerra Junqueiro

Guerra Junqueiro
Abílio Manuel Guerra Junqueiro foi bacharel formado em direito pela Universidade de Coimbra, alto funcionário administrativo, político, deputado, jornalista, escritor e poeta.
Nasceu a 17 Setembro 1850 (Freixo de Espada à Cinta)
Morreu em 07 Julho 1923 (Lisboa)
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Poeta português, nascido em Freixo de Espada à Cinta. Frequentou a Faculdade de Teologia (1866-1868), que abandonou para se formar em Direito (1868-1873). Na Faculdade de Direito encontrou João Penha, tendo colaborado no periódico por aquele editado, A Folha. Em 1875 dirigiu, com Guilherme de Azevedo, a revista Lanterna Mágica (onde surgiu a célebre caricatura de Rafael Bordalo Pinheiro, o «Zé Povinho»). Em 1876 foi nomeado secretário-geral dos governos-civis de Angra do Heroísmo e, depois, de Viana do Castelo. Em 1879 filiou-se no Partido Progressista, monárquico, que estava na oposição, sendo eleito deputado por Macedo de Cavaleiros. No mesmo ano foi proibida a representação de uma peça de sua autoria, escrita em parceria com Guilherme de Azevedo, Viagem à Roda da Parvónia. Em 1880 foi eleito deputado pelo círculo de Quelimane (Moçambique). Em 1888 constitui-se o grupo dos Vencidos da Vida, de que Junqueiro fez parte. Dois anos depois aderiu ao Partido Republicano e ao movimento de protesto contra a monarquia, desencadeado pelo Ultimato inglês. Em 1907 foi julgado e condenado por causa de um artigo contra o rei D. Carlos. Implantada a República, ocupou, entre 1911 e 1914, o cargo de ministro plenipotenciário de Portugal na Suíça. Como escritor, estreou-se em 1864, com Duas Páginas dos Catorze Anos, série de poemas ainda influenciados pelo ultra-romantismo. Ligado depois ao grupo dos Vencidos da Vida, veio a ser o mais popular poeta panfletário da sua época. Serviu-se dos seus dotes oratórios para, em textos de sátira violenta, quer ao clero (A Velhice do Padre Eterno, 1885), quer à dinastia de Bragança (Finis Patriae, 1891 e Pátria, 1896), procurar a adesão popular aos ideais revolucionários. Tornara-se conhecido já em 1874, com A Morte de D. João, sátira ao dom-joanismo nas suas consequências sociais. Esta obra contém já elementos que seriam particularmente desenvolvidos numa fase posterior, e que revelam a dualidade da sua obra. São eles a poesia de intervenção, em que é constante a presença de um certo visionarismo profético, face à decadência nacional, que veio a influenciar grandemente o movimento designado por Renascença Portuguesa, e a interioridade e temas místicos, procurando Junqueiro, como poeta-filósofo, e de acordo com as tendências da época, conciliar a fé e a razão humanas, num cristianismo pessoal e panteísta. Os Simples (1892), obra de apologia dos humildes e a sua publicação mais célebre, é exemplo desta fase, já influenciada pelo simbolismo. Em A Musa em Férias (1880) e Os Simples (1892), Junqueiro procura reencontrar o «paraíso perdido», representado pela evocação nostálgica da infância e da natureza, que dá ao poeta força física e moral. Guerra Junqueiro publicou ainda, ao longo da sua vida, Oração ao Pão (1902), Oração à Luz (1904) e Poesias Dispersas (1920), para além das obras já referidas. Após a sua morte, surgiu Horas de Combate (1924), que reúne os seus discursos políticos. Tido em vida como um dos maiores poetas portugueses de sempre, a sua obra foi posteriormente objecto de controvérsia. Se uns continuaram a louvá-lo, outros acusaram-no de um certo primarismo de pensamento, reconhecendo, embora, valor na sua capacidade de sugestão metafórica e na sua técnica artística.